A Septuaginta é uma tradução da Bíblia Hebraica para o grego antigo, que surgiu durante o
período helenístico, por volta do século III a.C. Existem várias teorias sobre as razões que levaram à sua criação, mas uma das mais aceitas é a de que a comunidade judaica que vivia no Egito, em Alexandria, enfrentava dificuldades para compreender o hebraico, e portanto precisava de uma versão da Bíblia em grego.
De acordo com a lenda, o rei Ptolomeu II Filadelfo, governante do Egito no século III a.C., desejava ter uma cópia da Bíblia Hebraica traduzida para o grego, para que pudesse ser incluída na biblioteca de Alexandria. Ele teria enviado mensageiros a Jerusalém para convidar setenta sábios judeus, seis de cada uma das doze tribos de Israel, para realizar essa tarefa.
Os sábios foram recebidos com honra e levados a uma ilha chamada Faros, onde cada um deles foi colocado em uma cela separada. A lenda diz que, milagrosamente, cada tradutor produziu uma tradução idêntica das Escrituras Hebraicas para o grego, sem consultar ou colaborar com os outros. Essas setenta traduções individuais foram então reunidas, comparadas e verificadas, resultando na versão unificada conhecida como Septuaginta, que recebeu esse nome porque setenta era considerado um número simbólico.
Apesar de a lenda dos Setenta ser contestada por muitos estudiosos, é fato que a Septuaginta foi criada em Alexandria, e que se tornou uma importante fonte de estudo e devoção para a comunidade judaica da época. A tradução foi dividida em três seções: a Lei (Pentateuco), os Profetas e os Escritos (Hagiografia).
Com o tempo, a Septuaginta também passou a ser usada pelos cristãos, que encontraram nela uma versão da Bíblia em uma língua que era mais acessível para a maioria das pessoas. Além disso, muitos cristãos gregos não falavam hebraico, e portanto dependiam da Septuaginta para estudar a Bíblia.
Os primeiros cristãos usaram a Septuaginta como sua principal versão da Bíblia, e muitos dos autores do Novo Testamento citam diretamente ou fazem alusão a ela em seus escritos. A Septuaginta também foi muito importante para a formação da teologia cristã primitiva, já que muitos conceitos e imagens que são fundamentais para o cristianismo têm origem na Bíblia Hebraica e foram traduzidos para o grego na Septuaginta.
Em resumo, a Septuaginta surgiu como uma resposta à necessidade da comunidade judaica de Alexandria de ter acesso à Bíblia Hebraica em uma língua que pudesse ser compreendida por todos. Com o tempo, a tradução se tornou um documento importante tanto para os judeus como para os cristãos, e exerceu uma enorme influência na cultura e na teologia dessas religiões.