O AMBIENTE NO PERÍODO NEOTESTAMENT'ARIO

 

1.A Influência do Meio Ambiente:

A revelação, tanto do Antigo como do Novo Testamento,  foi dada dentro de realidades concretas da história. Assim temos que a forma e o conteúdo da revelação, e assim da religião, estão intimamente ligados à realidade então existente. Por  isso, para compreender o cristianismo é necessário vê-lo dentro do mundo em que apareceu e desenvolveu-se.

  • O mundo religioso que  imprimiu suas marcas na nova “seita” judaica era composta de judaísmo, helenismo e religião oficial romana, bem como das religiões de mistério.
  • A situação sócio-econômica da época também foi importante quanto à formação e expansão da igreja primitiva.

2.O Mundo Pagão no Primeiro Século da Era Cristã:

  • O helenismo começa a fazer-se sentir muito cedo na Igreja, desde o dia de Pentecostes quando os helenistas se converteram. Logo o grupo tornou-se minoria importante e exigiu atenção especial (At:6). Primeiro Estevão e depois Paulo foram seus grandes líderes. E Antioquia da Síria um grande centro.
  • O mundo helênico era aquele dos grandes filósofos gregos (Platão, Aristóteles, Epicuro, etc.), mais o da mentalidade antiga grega.
  • Alexandre  Magno não só conquistou  o mundo no IV século a.C., mas também tentou implantar o helenismo em todos os países conquistados. No Egito fundou a cidade grega Alexandria. N Palestina implantou 10 cidades na região leste do Mar da Galiléia (Decapólis). A civilização grega trazia em seu bojo não só a linguagem que se tornou universal, mas também sua literatura, arte filosofia e ciência.
  • O pensamento grego contra o qual os escritores do NT investem é as vezes platônico/gnóstico. Outras vezes é o estoicismo. Lutam também contra a tendência sincretista, tendência esta que assimilaria elementos estranhos dessas mentalidades ao evangelho. Alguns desses elementos são: A matéria em si é portadora do mau. Há um conhecimento esóterico só para os iniciados. Dualismo metafísico. Jesus era das emanações divinas a mais inferior. Antinomismo.
  • No fim do primeiro século veio uma curta mas grande perseguição na Ásia Menor, devido ao fato que os cristãos recusaram queimar incenso a César. O Pastor de Hermas (escrito patrístico), que data do segundo século, procura resolver o que a Igreja deve fazer com os “lapsos”, isto é, os que queimaram incenso mas querem agora voltar à Igreja.

3. O Mundo Judaico

  • O mundo judaico em que Jesus viveu e o cristianismo nasceu era uma sociedade complexa, cheia de tradições que vinham desde os tempos da volta do cativeiro e, especialmente, desde o período dos macabeus.
  • Os partidos político-religiosos dividiram entre si a lealdade dos judeus de então. Temos: os saduceus, sacerdotes, basearam-se só em Moisés. Colaboraram com os poderes estrangeiros para manter o controle do poder Os fariseus., peritos nas Escrituras e dirigentes do ensino religioso no pais, aceitaram o AT todo. Sendo descendentes do movimento macabeu tendiam para o xenofobismo. Os zelotas surgiram duma ala deste partido. Os herodianos eram aqueles “camaleões”que mudavam de partido em partido para manterem-se na graça do poder político da hora. Os essênios formavam uma comunidade monocata que retiravam-se da vida judaica e procurava viver conforme as regras do “Mestre de Justiça”. Desses, foram os fariseus e essênios que deixaram maior marca no cristianismo.
  • Embora os apóstolos adoravam constantemente no templo nos anos logo após a crucificação de Jesus, foi da sinagoga que tiraram o formato para a organização da igreja local, bem como para seu culto. Até hoje os cultos mantêm elementos que vieram direto do culto realizado na sinagoga. 
  • A sinagoga era o lugar principal dos judeus adorarem a Deus e serem ensinados na lei e nos ensinos do judaísmo. Havia uma abertura para o helenismo nas sinagogas da diáspora, que por sua vez teve seu reflexo nas igrejas fundadas por Paulo.

4. A Situação Socio - religiosa no mundo romano:

  • Ao redor do Mar Mediterrâneo vivia uma população de 100 milhões de habitantes.
  • Paz Augusta: restauração da república salva e sã sobre suas fundações, foi o ideal de Augustus. Foi uma tentativa para solucionar os problemas de sua época em termos consistentes com o pensamento e aspirações da antiguidade clássica. Procurava associar a noção de poder com a de serviço e assim justificar a ascendência de Roma sobre o mundo mediterrâneo e dos césares em Roma. O principado, com todos seus defeitos, foi dedicado a restabelecer o bem comum. Os césares foram compelidos a manter uma política de paz, um resistir da tentação de adquirir novos territórios.  O primeiro aspecto da tarefa foi a manuntenção e extensão dos direitos civis individuais. Com esta paz surgiram estradas e o crescimento do comércio internacional. Era possível viajar com bastante segurança. Estava aberto o caminho para a disseminação de idéias e religiões. Mas o próprio Império, para incluir todos os povos, contribuía  para a decadência das religiões nacionais.
  • Socialmente, a aquisição do Império transformou os agricultores romanos num bloco de magnatas proprietários em confronto com uma massa submergida de proletários, súditos e escravos. Na conquista do mundo os romanos prepararam uma virtual servidão para todos, menos alguns poucos em cujas mãos estavam os meios de explorar o controle do poder econômico-político.
  • Entre a população o circo tomou o lugar dos banquetes dos ricos. No tempo de Cato , o “tigre”romano adquiriu seu gosto pelo sangue. A Ambição política se esforçou para descobrir meios de satisfazer um apetite voraz e depravado. A solução tomou a forma de espectáculos cada vez mais elaborados e sangrentos.
  • Em toda parte do Império Romano predominavam uma férrea escravidão, em que a vida e bens do escravo estavam totalmente dependentes de seus senhores. Também calcula-se o número dos mendigos na cidade de Roma como sendo cerca de 200 mil no período Neotestamentário. Foi em parte para apaziguar estes que os césares deram cada vez mais ênfase aos espectáculos do coliseu.
  • No aspecto religioso, as religiões eram nacionais e muito pouco havia de decisão ou ligação pessoal. Por isso as religiões de mistério e o cristianismo exerceram grande atração. Os mitos religiosos da história greco-romana haviam perdidos quase toda sua vitalidade embora a forma de culto ainda era mantida. O culto imperial surgiu como público reconhecimento oficial das qualidades superiores encarnadas na mente e coração da cidade e seu governante. Exprimiu-se em veneração do imperador vivo e deificação do imperador morto. O culto de Júlio César deificado foi devidamente autorizado pelo senado em 42 a.C. após a vitória dele na guerra civil.  As religiões aprovadas pelo colégio pontífico correspondiam só a uma norma: a manuntenção da paz dos deuses. E para isto qualquer um serviria enquanto é sentido ser politicamente expediente, isto é, preservava a ordem social.
  • As religiões de mistério, de origem grega, exerceram grande atração nas massas: orfismo, mitraismo, culto de Isis, etc. Elas tinham semelhança superficial com o cristianismo.

5.O Mundo Preparado:

  • Jesus nasceu dentro deste contexto e que biblicamente se conhece como “plenitude dos tempos” Gl:4:4-5. A igreja, respondendo às ansiedades da época com a revelação de Deus  em Jesus, conseguiu rapidamente conquistar o Império.