PERSEGUIÇÃO DA IGREJA DO I AO III SÉCULOS

 



  • A política dos imperadores romanos era tolerar as religiões das nações que eram vencidas nas guerras. As religiões nacionais faziam parte da cultura local. Assim o judaísmo, embora proselitista por natureza, foi tolerado como religião lícita. Mesmo assim o povo não gostava dos judeus por diversas razões. O cristianismo foi tolerado ao princípio bem como participou do desgosto popular como seita do judaísmo. Quando perceberam que não era uma seita do judaísmo foi proscrito.
  • Para os romanos o Estado era o principal. Assim a religião era  promovida apenas quando servia aos objetivos do Estado. Logo o Cristianismo foi proscrito por duas razões: Primeiro, entrava em competição com o Estado, pois ambos pretendiam a lealdade universal. Segundo, não contribuía para promover o Estado uma vez que podia ser manipulado para ajudar controlar qualquer país conquistado pelos romanos.

  • As fontes que possuímos a respeito das perseguições,além das Escrituras,  são conhecidas como “atas dos mártires”, que consistem em descrições mais ou menos detalhadas das condições sob as quais se produziram os martírios, as prisões, encarceramento e julgamento do mártir ou mártires em questão, e por fim sua morte Outras noticias chegam através de outros documentos escritos por cristãos que de algum modo se relacionam com o martírio e a perseguição. O exemplo mais valioso desta classe de documentos é a coleção de sete cartas escritas por Inácio de Antioquia a caminho do martírio.  Também existem algumas correspondência onde se apresenta algumas atitudes dos pagãos diante dos cristãos, especialmente a atitude de governantes.

    1.Razões das Perseguições da Igreja

    • Ao longo dos primeiros três séculos do cristianismo havia tanto competição entre as religiões como o espírito de tolerância. Embora nunca tomaram recursos de armas para se defenderem, os cristãos foram o único elemento social perseguido por período prolongado
    • A falta de participar em festas e ritos idolatros dos templos bem como sua hostilidade a outras religiões levou o mundo da época consideram os cristãos de ateus e inimigos dos deuses. Também os cristãos passaram a se reunir de noite e em segredo e começaram a mostrar afeição uns pelos outros. Ao mesmo tempo celebravam a ceia do Senhor (comer o sangue e o corpo de Jesus) deu margem às acusações de antropofagia ou canibalismo. Assim durante década foi lhes atribuído as seguintes acusações: ateísmo, licenciosidade e canibalismo.
    • O cristianismo chocou as sensibilidades dos filósofos e mais educados justamente pelo entusiasmo de seus adeptos. Pior, entraram em conflito com os vendedores de ídolos e os comerciantes da idolatria. Trouxe assim contra eles a má vontade duma classe poderosa.

    2. Uma Breve Visão das Perseguições

    • Um histórico das perseguições demonstrará que ao princípio forma locais e limitadas. As perseguições universais só apareceram após 250 quando a Igreja já estava mostrando ser forte em todo o império.
    • As perseguições locais começaram com Nervo em 64 e se extenderam com pouca frequência até 250. A perseguição iniciada por Nero foi feroz e se restringiu aos limites da capital do império. Depois da destruição de Roma 7/64 por fogo, Nero precisava de um bode expiatório e usou os cristãos para desviar a culpa dele mesmo.
    • Domiciano (81-96) promoveu uma perseguição muito severa em Roma e na Ásia Menor, as duas onde o cristianismo parece ter se expandido mais até então. Esta perseguição parece ter acontecido um pouco antes da sua morte. Envolveu a morte do cônsul Flávio Clemente e sua esposa Flávia Domitila.
    • Trajano (98-117) proibiu as sociedades secretas, inclusive o cristianismo.
    • Adriano (117-138) e Antônio Pio (138-161) seguiram a mesma política de Trajano, a saber, não procurar os cristãos para condená-los, mas julga-los se forem apresentados. Aliás parece que Antônio promulgou um edito protegendo os cristãos contra violência das multidões.
    • Marcus Aurelius (161-180), o cristianismo se tornou um elemento importante da sociedade e as perseguições tiveram a finalidade de restaurar o paganismo em declínio. Embora homem culto e estóico, os cristãos sofreram mais sob Marcus do que qualquer imperador até então. Deu fora redobrada à lei. Mesmo assim a perseguição não foi universal A perseguição feroz aconteceu em Lyon e Viena no sul da França. Foi nesta Justino foi martirizado em Roma em 165.
    • Comodus (180-193), foi o imperador mais favorável aos cristãos que todos os anteriores.


  • Sétimo  Severo (193-211) no princípio foi favorável ao cristianismo. Em 202 promulgou uma lei proibindo conversões ao judaísmo e cristianismo. A perseguição surge no Egito e em Cartago.
  • As perseguições universais surgiram logo após 248 em que foi celebrado o 1.000 aniversário do império romano.
  • Décio (249-251) decretou uma perseguição em todo o império em 250. Durou intermitentemente até o ano 260 quando Valério (253-260) seu companheiro morreu. A lista de mártires é muito grande. Muitos cristãos não conseguiram manter a fé. 
  • Galenius (260-268) não houve mais perseguições até o período de Dioclesiano.
  • Dioclesiano (284-316) foi contra os cristãos desde o início. Em 295 exigiu que todos os soldados fizeram culto ao imperador. Em 303 acusou os cristãos de ter incendiado o palácio dele. Publicou um edito que privou os cristãos de liberdade e forçados a cultuar o imperador em 303. Também quis destruir as Escrituras. Esta última perseguição durou até o edito de tolerância de Constantino.

3. Os resultados das Perseguições da Igreja

  • As perseguições locais  por serem limitadas no temo e no espaço não trouxeram grande número de mártires. O número de cristãos que negaram sua fé também não foi grande. Não entanto era suficiente para criar o problema dos lapsos (aqueles que cairam). Por outro lado, o fato de serem de curta duração criou as condições pelas quais “o sangue dos mártires foi a semente da Igreja”.
  • As perseguições universais, mostraram que a igreja estava “gorda” nestes séculos, a perseguição intensa, universal e demorada arrasou a Igreja. Muitos negaram a fé, outros tantos forma exilados do império. Mesmo assim a lista daqueles que deram sua vida pela fé nas perseguições de Décio a Dioclesiano foi muito grande. A Igreja conseguiu sobreviver e crescer ainda mais devido à relativa paz de 40 anos entra as duas perseguições e o Edito de Milão.
  • O problema dos “lapsos” (caídos) foi muito agudo nos séculos II e III. Hermas (O Pastor) e Cipriano (De Lapsis) escreveram tratados sobre a questão. O que se deve fazer com os que negaram a fé e queimaram incenso a efígie de César? A Igreja elaborou algumas respostas: A igreja de Roma em geral foi indulgente com os lapsos,recebendo-os de volta com a simples confissão de seu pecado. Existia um rigor contra os lapsos, eles não teriam mais direito de fazer parte da Igreja. Hermas ( que escreveu o livro O Pastor) representa uma posição mediadora que aceita uma única queda. Os lapsos seriam aceito de volta, mas não mais para o lugar de líderes. Os lapsos seriam membros de “segunda classe”na Igreja. Embora Cipriano é muito duro com os lapsos, ele os chama a um abundante arrependimento para demostrar sua tristeza e aflição, sem desesperar da misericórdia de Deus. Apenas estes seriam recebidos de novo na Igreja. 

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